Roberto Pompeu de Toledo, jornalista paulistano nascido em 1944.
Contexto histórico
Para situar Roberto Pompeu de Toledo, é útil entender o Brasil das décadas de 1960 em diante, especialmente São Paulo como centro político, econômico, cultural. Ele começa sua carreira num período marcado por instabilidade política, regime militar a partir de 1964, forte censura, repressão, mas também por atividades intelectuais e culturais bastante vivas. São Paulo exerce papel central no jornalismo, na economia, nas artes, indústria, imigração etc. Roberto cresceu nesse ambiente urbano, educado num meio em que esportes, clubes, elite cultural paulista tinham influência — tanto pela família quanto pelo espaço em que viveu.
Trajetória profissional
Roberto Pompeu de Toledo tem uma carreira bastante longa e multifacetada no jornalismo e também como autor. Aqui vai uma linha do tempo com os marcos mais relevantes:
Período
Atuação
Final dos anos 60 / início dos 70
Logo após se formar, trabalhou por pouco tempo na Rádio Bandeirantes e depois na Rádio Eldorado, ambas em São Paulo.
Ainda nos primeiros anos
Seguiu para o Jornal da Tarde, depois para a revista Veja.
Anos seguintes
Trabalhou no Jornal da República e na revista IstoÉ, onde foi redator-chefe.
Depois
Voltou à Veja, saiu para assumir o cargo de editor-executivo do Jornal do Brasil. Retornou à Veja mais uma vez, tendo sido editor da seção Internacional, correspondente em Paris, e editor-executivo.
Desde 2007
Tornou-se editor especial da Veja, com reportagens especiais e coluna quinzenal (ou a cada dois números) na revista. Até 2021 mantinha essa coluna.
Produção literária e de reflexão
Além do jornalismo, Pompeu de Toledo é autor de vários livros e ensaios, muitos com temática histórica, social e cultural. Alguns destaques:
Obra
Tema / Importância
A Capital da Solidão (2003)
História de São Paulo desde suas origens até 1900. Retrata como São Paulo era uma cidade isolada politicamente, econômica e socialmente, até que o café e outros fatores impulsionaram sua ascensão.
A Capital da Vertigem: uma História de São Paulo de 1900 a 1954 (2015)
Dá sequência à narrativa da cidade, mostrando sua transição de província para metrópole moderna. Inclui episódios como a Semana de Arte Moderna de 1922, gripe espanhola, revoluções, chegada do futebol, crescimento demográfico, industrialização.
O Presidente Segundo o Sociólogo (1998)
Ensaios mais voltados à política, sociedade, opinião — toca temas como religião, violência, drogas, papel da imprensa, herança da escravidão etc.
Leda (2006)
Um romance, ficção, mostrando que Toledo não se limita ao jornalismo e à história, mas também à literatura.
O espelho e a mesa – Memórias de infância e juventude (2022)
Livro que mistura autobiografia com ficção, recordações pessoais e histórias familiares, mostrando também como ele percebeu seu próprio percurso.
Estilo, contribuição e importância
Estilo de escrita: Roberto P. de Toledo é reconhecido por um estilo elegante, erudito, com cuidado formal e um tom reflexivo. Mescla história, observações culturais, crítica social, e memória. Muitos de seus textos se aproximam de ensaios.
Temas recorrentes: São Paulo é um dos objetos centrais — a cidade, sua transformação, tensões urbanas e culturais. Também temas ligados a história do Brasil (café, imigração, escravidão), memória, cultura literária, política, elite intelectual.
Importância para o jornalismo: Pompeu de Toledo é uma voz plural, independente, bastante respeitada — tanto por seu rigor quanto por sua visão ampla. Como articulista e colunista, ele contribuiu para debates sobre identidade nacional, memória histórica, estrutura social brasileira.
Relação com os momentos políticos e culturais do Brasil
Viveu e trabalhou durante o regime militar (1964-1985) — embora a biografia pública não apresente necessariamente militância política ativa, seu jornalismo e seus textos dialogam frequentemente com temas políticos e com questões de democracia, memória, poder, censura, sociedade.
Nos anos de redemocratização e nos decênios seguintes, participou do ambiente de consolidação de imprensa livre, revistas de grande alcance (Veja, IstoÉ etc.), e da discussão pública que envolvia globalização, crise econômica, cultura, desigualdade, direitos humanos.
Ele reflete, em suas obras, sobre como o passado (escravidão, imigração, formação social) molda o presente brasileiro; como São Paulo, em especial, é uma lente para entender o Brasil moderno.
Panorama atual
Em seus últimos livros, como O espelho e a mesa, ele revisita a memória pessoal, mostra um olhar de maturidade sobre infância, juventude, o que lhe marcou socialmente — contexto de São Paulo, família, objetos de história pessoal.
Em 2021, deixou sua coluna regular na Veja, sendo substituído por Dora Kramer.