Marcus Vinicius da Cruz de Melo Moraes nasceu no dia 19 de outubro de 1913, no bairro do Jardim Botânico, na Zona Sul do Rio de Janeiro. Com três anos, a sua família mudou-se para o bairro de Botafogo. Os pais do artista chamavam-se Clodoaldo Pereira da Silva Moraes, funcionário público e poeta, e Lydia Cruz de Moraes, pianista. Teve três irmãos: Lygia, Helius e Laetitia.
A poesia começou a correr cedo nas veias do homem que aos nove anos começou a escrever poemas. Segundo estudos, os versos foram escritos para uma menina. Com 15 anos, compôs suas primeiras canções. No ano seguinte, o artista formou-se bacharel em Letras no Colégio Santo Inácio.

Conhecido como “Poetinha”, o escritor Vinicius de Moraes nasceu no Rio de Janeiro (1913) e morreu em 1980.
No final da década de 20, Vinicius ingressou no curso de Direito da Faculdade Nacional do Rio de Janeiro, hoje Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Concluiu o curso em 1933, ano em que lançou seu primeiro livro: O caminho para a distância.
A partir da década de 30, o escritor passou a frequentar rodas literárias e boêmias do Rio de Janeiro. Nessa época, conheceu os poetas Carlos Drummond de Andrade e Manuel Bandeira. Este último tornou-se um dos seus melhores amigos durante toda a sua vida.
“A vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida.” (Vinicius de Moraes)
Em 1938, Vinicius de Moraes ganhou uma bolsa de estudos do Conselho Britânico para cursar Literatura Inglesa no Magdalen College, da Universidade de Oxford, no Reino Unido.
Em 1943, o artista passou em um concurso do Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty) para atuar como diplomata. Trabalhou nos Estados Unidos, França e Uruguai. No entanto, em 1969, a mando do presidente Arthur Costa Silva, foi exonerado junto a outros funcionários, por não estar alinhado com a Ditadura Militar.
Personalidade
Quem conviveu com Vinicius de Moraes afirmou que ele era uma pessoa dócil, carinhosa, não só com as mulheres como com os amigos. Uma característica lembrada por conhecidos era que ele gostava de usar as palavras no diminutivo.
O poetinha era alegre, simpático e tinha um senso de humor apurado. Desde jovem, aderiu ao estilo de vida boêmio, despreocupado, não convencional, com hábitos irreverentes. Frequentador de diversos pontos culturais cariocas, como bares, participava de rodas literárias e musicais.
Vinicius de Moraes tinha muita facilidade para fazer amigos. Ele estreitou laços de amizade com grandes nomes da literatura e da música do Brasil e até com estrangeiros, como o poeta chileno Pablo Neruda e o cineasta norte-americano Orson Welles, diretor do filme Cidadão Kane.

Marca da amizade de Vinicius de Moraes e Portinari, pintura de 1938 acompanhava o Poetinha a cada separação.
O banheiro era o lugar preferido da casa pelo artista. Inclusive, ele gostava de escrever sentado na sua banheira. Vinicius adorava cozinhar. Ele também gostava de fumar e tomar uísque. O artista dizia que essa bebida era a mais “nobre”, e ele a definia como o melhor amigo do homem. “É o cachorro engarrafado”, costumava afirmar.
Vinicius de Moraes morreu no dia 9 de julho de 1980, em razão de um edema pulmonar. Relatos dizem que ele foi encontrado na sua banheira, sem vida, pelo seu parceiro musical Toquinho.
Obra
Considerado um dos mais importantes artistas brasileiros, Vinicius de Moraes foi escritor, letrista, diplomata, dramaturgo, cantor, crítico literário e de cinema, entre outros. Sua extensa obra é reconhecida mundialmente.
A maioria das poesias de Vinicius fala sobre o amor, as mulheres e os amigos, mas há algumas que versam sobre temas nacionais. Vinicius de Moraes compôs diversas canções da MPB.
Principais poemas de Vinicius de Moraes
A uma mulher (1933)
Soneto de separação (1938)
Ternura (1938)
Pátria minha (1949)
A felicidade (1958)
Soneto de amor total (1951)
A rosa de Hiroshima (1954)
Receita de mulher (1959)
Poema dos olhos da amada (1959)
O verbo no infinito (1962)
A arca de Noé (1970)
Principais livros de poesia de Vinicius de Moraes
Forma e exegese (1935)
Ariana, a mulher (1936)
Cinco elegias (1943)
Poemas, sonetos e baladas (1946)
Antologia poética (1954)
Livro de sonetos (1957)
A arca de Noé (1970)
Outros trabalhos
Jornalismo
Em 1939, Vinicius passou a exercer atividades de jornalista, trabalhando na British Broadcasting Corporation (BBC) de Londres. Em 1940, começou a escrever uma coluna sobre cinema no jornal A Manhã.
Nas décadas de 40 e 50, também atuou em jornais e revistas, como: O Jornal, Diário Carioca, Diretrizes, A Vanguarda, Última Hora, e Fatos e Fotos. O artista também escreveu para semanários, como: o Flan, Senhor, e Pasquim.
Ao longo da sua carreira como jornalista, Vinicius produziu diversos textos em prosa sobre o cotidiano brasileiro, os quais foram compilados nestes livros: Para viver um grande amor (1962); Para uma menina com uma flor (1966).
Teatro
A peça teatral Orfeu da Conceição, baseada no mito grego Orfeu, é um marco na história de Vinicius de Moraes. Esse foi o primeiro trabalho que realizou junto ao músico Tom Jobim, iniciando uma parceria frutífera e muito gratificante, uma das mais importantes da MPB.
Conforme estudos, em apenas 15 dias ambos produziram toda a trilha do espetáculo, com canções icônicas como “Lamento do morro” e “Se todos fossem iguais a você”.
A peça estreou em 25 de setembro no Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Alguns amigos de Vinicius e nomes importantes da cultura brasileira colaboraram para que o projeto tivesse considerável sucesso. Um dos amigos foi o arquiteto Oscar Niemeyer, que ficou responsável pelo cenário.
Segundo pesquisas, na peça Orfeu da Conceição foi a primeira vez que atores negros pisaram no palco do Teatro Municipal. A peça virou filme e ganhou a Palma de Ouro de 1959 do Festival de Cannes e o prêmio de Melhor Filme Estrangeiro no Oscar e no Globo de Ouro de 1960.
MPB
Vinicius de Moraes sempre será lembrado com um dos principais nomes da MPB. A música “Chega de saudade”, por exemplo, com a batida de violão marcante, ficou mundialmente famosa e tornou-se outra das canções símbolos da Bossa Nova.
Em 1965, o artista compôs, junto a Edu Lobo, a música “Arrastão”. Interpretada por Elis Regina, a canção ganhou o Primeiro Festival Nacional de Música Popular Brasileira da TV Record.
Clássicos da MPB escritos por Vinicius de Moraes junto a parceiros:
Eu sei que vou te amar (1959)
Insensatez (1961)
Garota de Ipanema (1962)
Samba da benção (1967)
Tarde em Itapuã (1970)
Pela luz dos olhos teus (1960)
A Tonga da Mironga do Kabuletê (1970)
A casa (1980)
Aquarela (1983)
Garota de Ipanema
Junto a Tom Jobim, Vinicius de Moraes colocou definitivamente seu nome na Música Popular Brasileira com a canção “Garota de Ipanema”, que se tornou o maior hino da Bossa Nova. Jobim criou uns esboços da letra da música e mostrou-os ao amigo Vinícius, que também deu alguns pitacos. Assim, em 1962, nasceu a famosa canção.
